terça-feira, 8 de julho de 2008

O Fim de Semana Perdido: Nova Era




"Fala meu anjo..."


A cena se repete 1, 2, 3, vezes mas por mais que eu tente encenar uma falsa fulga, não percebo o quanto rediculo e mediocre eu acabo me tornando.


Ali de frente pra mim, me olhando diretamente nos olhos, consigo perceber minha imagem refletida simultaneamente nos dois olhos, e um arrepio me percorre a espinha, em uma escala cefalo-caudal.


O olhar é desviado por um segundo e então retomo noção da realidade e do tempo espaço em que me encontro, embora la fora o sol brilhe lindamente, ali dentro o frio era terrivel, capaz de fazer a ponta de meus dedos da mão, doerem; estiquei a mão em direção ao rosto, a reação foi obvia, um sobresalto ao toque de meus dedos, porém eu não me detive, não exitei, foi puro instinto, puro desejo, pura imprudencia, pura inconsequencia.


Os olhos voltaram ao encontro dos meus, e eu então deslizei a mão por seu rosto, sem nada dizer, e sem nada ouvir, a não ser o pulsar de minha veia carotida, que pulsava a uma velocidade indescritivel.


Nos levantamos e começamos a caminhar, novamente fui questionado pela minha postura, "criticado" sempre, porém simplesmente sorri, um sorriso sem graça, despretencioso, estava perdido demais para bolar uma resposta rapida e direta o suficiente para agradar a mim.


Agarrou então a meu braço, e disse " Falem bem, ou falem mal, falem de mim" - e então eu respondi " Falem bem, ou falem mal, falem de nós!".


Sorriu, recostou a cabeça sobre meu ombro e seguimos caminhando, pensando com certa clareza agora, não consigo expor de forma exata o anacronismo dos fatos, tamanha a sensação de que fui tomado, e a intensidade causada por ela.


Sentamos ali, de frente um para o outro, ela reclamando dele, e eu reclamando dela, um festival de criticas, e filosofia de vida, pobre de nós em nossa mediocridade, afinal quem esta aí para criticar somos nós mesmos, criticar nós mesmos a nos questionar, acredito piamente de que fatos como esses nos fazem repensar o que queremos de verdade, o bom?, ou o certo?


Ao nos preparar para deixarmos o recinto, após um almoço jaz agradavel. Me inclinei para pedir a conta, ao garçon. E novamente fui de encontro aqueles olhos. Na outra ponta da mesa, e endaguei ja totalmente hipnotizado, naquela fração de segundos.


- Poxa você esta tão longe - eu disse

- ....


E então foi se aproximando devagar, como se o mundo inteiro derrepente funcionasse em um estado de camera lenta, vindo na minha direção, eu nada pude fazer a não ser, adiantar o inevitavel, e ir ao encontro.


Não há sensação de maior extase do que sentir aquele perfume, e aquela respiração, tão junto, tão proximo, como se fizesse parte de um orgão vital do meu corpo. Afastei por um segundo com uma das mãos afastei todos os objetos que estavam sobre a mesa, quase que me deitando sobre a mesa, segurei lhe com as duas mãos, olhando diretamente nos olhos, e novamente, o impeto, o calor e a união se tornaram um evento do qual não posso definir em palavras, o sangue fervente ainda esfria aos poucos na minhas veias.


Tudo se findou, em algumas horas, o que para mim não passou de uma fração de segundos, tamanha a velocidade do tempo naquela hora. Nos levantamos, e saimos, nem o vento gelado incomodava mais; eu nada sentia, olhei para trás, e a placa Nova Era a brilhar no alto do estabelecimento, brilhando, incessantemente como o pulsar das minhas veias, vermelho e intenso, como as veias...e como o meu coração.


Livro - Os Irmãoes Karamazovi - Fiodor Dostoiévski
Musica -The Kids Aren't Alright - The Offspring
Rodada - Atletico MG 1 x 1 Palmeiras

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