quarta-feira, 16 de julho de 2008

Eu sabia! droga eu sempre soube²


Dei a partida no carro e saí acelerado...pensei que resolveria...ah Fernando...ah Fernando...ledo engano...foi aí que tudo começou......



Parado em cima do viaduto na noite gelada observando perdidamente os carros na parte inferior indo e vindo, luzes viajando num efeito psicodelico, carros...e a lembrança daquele dia me volta a mente, me julgo extremamente infeliz por ter uma memória tão eficiente, que não me deixa esquecer os mais diversos acontecimentos, os de maior infortunio principalmente. Fecho os olhos e somente sinto o vento zumbino em meus ouvidos....e as lembranças vão vindo cada vez mais intensas.


Dei a partida no carro, e saí acelerado, o ronco do motor a me incomodar, mas não tanto quanto aquela dor, aquele terror nos olhos refletidos no espelho, ´parei no semaforo, abracei o volante em uma sensação imensa do mais absoluto desespero, o celular em cima do banco do passageiro...tentação...tentação....fechei os olhos e forcei os dentes com tanta força que acabei mordendo os labios, senti o gosto do sangue na minha boca, e foi aí que o carro de trás começou a businar freneticamente, engatei a marcha e segui, o trajeto.


Conforme fui me aproximando o coração foi batendo mais forte, estacionei no meio fio, a rua estava escura e deserta, dei duas buzinadas, e encostei a cabeça no banco, olhei novamente pelo espelho, o terror dos olhos continuavam lá, ali sozinho no escuro, so pensava naquele brilho, aquele brilho que vinha das mãos dela, naquela imagem do mais absoluto terror, mas aonde eu estava não havia mais volta, era assumir ou assumir, ela entrou no carro, o silencio foi profundo, funebre, a atitude do dia anterior me fez me sentir um ser nefasto, mas eu não podia mais, eu não me conformo, não acreditava, será que eu estava hipnotizado? não sei, nunca irei saber.


Engatei a marcha e dirigi até o segundo ponto, ao chegar no local, ela desembarcou como em toda a viagem, em silencio, silencio que para nós ja foi totalmente ensurdecedor, silencio que so foi quebrado no momento em que disse as palavras mais aterrorizantes que ja ouvi até hoje, saí do carro e caminhei lentamente, parei por um instante, diante daquela lapide, fria, tão fria quanto o que vinha de debaixo dela, mas não acredito, que aquilo de fato me incomodava, o inconformismo, que me tomou era bestial, capaz de tomar todos os meus sentidos, aquela imagem, aquele brilho, droga, sempre esteve la, sempre, demorei tempos para cair em si, e a reação foi da forma mais traumatica possivel.


O trajeto de retorno segui sozinho, mas a mente continuava longe, na velocidade da estrada vazia, olhei mais uma vez para o retrovisor os olhos vermelhos, rosto inchado, fiquei cabisbaixo por um instante, até que fui assustado por um som semelhante a uma trombeta, olhei para minha esquerda, e como um animal pré-historico gigante, uma carreta veio em minha direção, joguei o carro para direita, e como naquelas cenas de filmes de aventura que ja vi varias e varias vezes, o carro girou, soltando um guino agudo, fazendo o asfalto chorar, e cheiro de borracha queimada invadir minhas narinas, após o chacoalhão do carro, fiquei parado, imóvel, sem acreditar no que estava acontecendo, abracei mais uma vez o volante, apertei o celular contra o peito, e chorei, chorei compiosamente, não pelo ocorrido naquele instante, mas, por assim dizer, de tudo, o dia inteiro, era muito infortunio para uma pessoa só, seja o que estivesse acontecendo naquele dia, eu não tinha mais força pra enfrentar eu necessitava de uma tregua, e a cada lagrima que descia pelo meu rosto e refletia a Lua, brilhando, eu lembrava do brilho nas mãos dela, aquele brilho que um dia me fez muito feliz, e me fez sorrir, naquele dia só me fez chorar.....



Livro - Os Irmãos Karamazóvi - Fiodor Dostoiévski
Musica - Stay Alone - Godsmack
Rodada - São Paulo 2 x 1 Palmeiras

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